Conheça a medicina do futuro

Camila Appel

Imagine que você está em 2045. O que tem a sua volta de diferente? Muita coisa pode estar diferente, você pode estar diferente. Alguns futuristas dizem que esse é o ano em que o homem se funde à máquina, porque nosso pensamento será híbrido, uma mistura entre orgânico e artificial. Pode ser o ano em que todas as doenças serão prevenidas, o ano em que nossos órgãos doentes e desgastados serão substituídos por novos, o ano em que não morreremos mais.

Talvez seja esse o objetivo final da medicina, curar a morte, ou melhor, vencer a morte em uma batalha que a maioria dos médicos se imagina travando diariamente.

Independente de chegarmos a essa realidade, há algumas tendências que parecem inevitáveis e já começam a marcar presença no nosso dia a dia. É a possibilidade do diagnóstico na palma da mão, em tempo real. Já existem aplicativos que permitem ver batimentos cardíacos, oxigenação, pressão arterial, tudo no celular. Essa tendência de wearables vai crescer. Relógios inteligentes e outros acessórios que poderemos vestir, seguir com a rotina e, ao mesmo tempo, ser monitorado. Para a diabetes, por exemplo, ter um acessório desses que meça o nível de açúcar no sangue, é muito bom. Ainda em medicina diagnóstica, fica claro o impacto de supercomputadores como o Watson (IBM), que já tem uma capacidade incrível de realização de diagnósticos, acessando novas pesquisas e protocolos no mundo todo, em tempo real.

Eu fico imaginando a tal da privada diagnóstica, em desenvolvimento no Japão. Nossos restos são uma importante fonte de informação para a saúde. Fica claro que uma privada que colete informações e consiga interpretá-las pode ser muito útil.

A medicina será cada vez mais customizada. Com acesso ao mapeamento do genoma, poderemos fazer remédios específicos para cada um e até uma dieta e plano de exercícios físicos personalizados em um outro nível de individualização. O personalizado aqui não se refere a gênero, altura ou peso. Ele tem como parâmetro o seu DNA.

A impressora 3D promete revolucionar a medicina fabricando equipamentos médicos, próteses, ou medicamentos. Também irão desempenhar um papel vital na medicina regenerativa, criando tecidos com vasos sanguíneos, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem da orelha, pele sintética e até mesmo órgãos. Com isso, poderemos substituir um órgão inteiro que estiver doente, por um saudável.

E os nanorobos? São micro robôs, do tamanho de uma célula sanguínea, feitos a partir de moléculas, que serão colocados no nosso corpo, levando nutrientes, remédios, vitaminas, fazendo cirurgias ou mesmo diagnósticos.

Os robôs convencionais não farão apenas cirurgias, também poderão ser enfermeiros, acompanhantes de idosos, realizar coleta de material e exames como raio-x.

Upload da mente

Ian Person, em seu livro “You Tomorrow” (2013), fala sobre a possibilidade de um dia sermos capazes de criar egos digitais de nós mesmos com base em informações neurológicas. Isso significa que poderíamos fazer o upload de nossas mentes para um computador e vivermos em uma forma digital. O bilionário russo Dmitry Itskov criou a “2045 Iniciative” justamente com esse propósito e acredita alcançar esse objetivo na prática.

O biomédico inglês, Aubrey De Grey, também se dedica a criar seres humanos imortais, com uma fundação – a Methuselah, ou Matusalém em português, que planeja curar o envelhecimento.

Você pode pensar: ah, mais isso é muito ficção científica…. Muitos filmes de ficção científica serviram para inspirar cientistas (e vice-versa) e por isso cria-se a sensação de que eles preveem o futuro. Escritores costumam ter a sensibilidade para acessar pensamentos coletivos, identificar tendências ainda em suas formas sutis. Por isso, há mesmo o potencial daquilo que consideramos ser muito “ficção cientifica” se tornar realidade. Por falar nisso, a quarta temporada de “Black Mirror” tem estreia prevista para 29 de dezembro.

Deixando o tal upload da mente de lado, a conclusão pode ser simplificada dessa forma: o futuro nos reserva uma medicina preventiva e regenerativa. Viver mais e com maior qualidade. Se tudo der certo.

Tecnologias já existentes:

  • Aplicativo que mostra o nosso batimento cardíaco no celular.
  • Aparelho que se conecta ao iphone e mede a glicose na corrente sanguínea – bom para diabetes (IBGStar).
  • Monitoramento do corpo 24h por dia.
  • Cirurgias com robôs (mas controlados por um humano).
  • Realidade aumentada: médico vê dentro do paciente e pode fazer conferências com outros médicos ao redor do mundo.
  • Chips no cérebro para fazer uma cadeira de rodas andar, um braço mecânico se mexer…
  • Pílula que você engole e ela fotografa seu aparelho digestivo.
  • Retina artificial para cegos.
  • Lente de contato inteligente.
  • Laboratórios estão mudando radicalmente com microfluídos e microchips e com o uso de celular como microscópio. Os exames estarão mais baratos e mais acessíveis para a população.
  • Medicina personalizada – remédios personalizados de acordo com o genoma da pessoa.

Novas tecnologias:

  • Medicina regenerativa: substituição de órgãos inteiros doentes. Dizem que, em 2050, será possível produzir órgãos em laboratórios.
  • Espelho que faz diagnósticos. Você vai escovar os dentes e já vê todo seu diagnóstico logo pela manhã. É a mesma ideia da privada.
  • Jogos relacionados à saúde para as pessoas se envolverem mais com seus tratamentos.
  • Empoderamento do paciente: dispositivos permitem o auto-diagnostico. Parceria entre paciente e médicos.
  • Monitoramento remoto do paciente.
  • Uso de corpos virtuais para estudantes de medicina. Modelos de realidade aumentada e realidade virtual. Anatomia não precisará mais de doação de corpos.
  • Robôs cirúrgicos cada vez mais desenvolvidos.
  • Minúsculos sensores de coleta de dados, que podem ser vestíveis (wearables). Estes sensores vão medir todos os parâmetros importantes da nossa saúde, 24 horas por dia, transmitindo os dados para a nuvem e enviando alertas em tempo real aos sistemas médicos. Por exemplo, se uma pessoa sofrer um AVC, estes sensores irão chamar a ambulância imediatamente e enviar todos os dados necessários.
  • Smartphone serão capazes de diagnosticar diversas doenças, independentemente do lugar em que o paciente esteja.
  • Impressoras 3D podem fabricar equipamentos médicos, próteses, ou até mesmo medicamentos.
  • Estas impressoras também irão desempenhar um papel vital na medicina regenerativa, para criar tecidos com vasos sanguíneos, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem da orelha, pele sintética e até mesmo órgãos.
  • Trajes inteligentes, como a do filme “Homem de Ferro”. A Samsung  já patenteou o seu “robô vestível”, um exoesqueleto equipado com sensores.
  • Robôs cuidadores : são enfermeiros, fazem companhia, exames de sangue e até de imagem.
  • Nanorobôs na nossa corrente sanguínea.
  • Alimentação será mais saudável, porque poderemos saber o que exatamente tem ali (com informações na lente de contato, por exemplo). Fast food poderão imprimir opções mais saudáveis na impressora 3D.
  • Hospitais funcionarão não apenas para tratar doenças, mas também para evitá-las.