É hoje: “Conversa com Bial” fala sobre suicídio em rede nacional
Pedro Bial levanta um tema “tão delicado quanto urgente” em seu programa de hoje, que vai ao ar às 00:45, na TV Globo.
Na abertura do programa, Bial alerta para números impossíveis de serem ignorados: “Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida no mundo. É mais do que as vítimas de homicídios e guerras somadas. No Brasil, são 32 suicídios por dia. É um assunto tabu, evitado em qualquer roda de conversa. Um esforço vão: silenciar sobre o suicídio não ajuda. Ao contrário. E tão importante quanto falar, é saber ouvir. Saber ouvir os que estão em áreas de risco e os parentes daqueles que se mataram”.
Bial parte para ouvir seus convidados: a cantora Claudia Bossle, viúva do Champignon, baixista da banda “Charlie Brown Junior”, que se matou em 2013.
A conversa prossegue com o psiquiatra Neury Botega, um estudioso do tema, na teoria e na prática, fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio. Ele já lançou 6 livros, dá palestras pelo mundo afora e atende pacientes em seu consultório.
A escuta segue para Gabriel de Souza Cunha, um estudante de direito que tentou se matar, drasticamente, aos 19 anos. Hoje, ele tem 22 e consegue ter uma visão mais clara do que estava passando naquele momento, a ponto de fazer “do seu famigerado erro, seu maior acerto”, como escreveu em uma crônica vencedora de um concurso literário sobre suicídio, promovido pelo Instituto Vita Alere. Também escutamos o depoimento de Loco Sosa, baterista da banda do programa. Seu pai se suicidou há 10 anos e Loco tenta, hoje, um descolamento da figura do pai – uma pessoa que costumamos idealizar e traçar um processo de identificação.
O jornalista André Trigueiro entra na conversa e comenta como a mídia pode abordar o assunto, sua motivação para se entregar para esse tema, que estuda há 19 anos e seu trabalho como voluntário do CVV, treinando atendentes da atual linha 188.
Bial ainda toca em um tema muito importante: o luto pelo suicídio, convidando para a conversa a psicóloga Karen Scavacini, co-fundadora do Instituito Vita Alere, que trouxe ao Brasil o conceito de “pósvenção do suicídio”. É um luto que se diferencia por ter uma carga maior de culpa, vergonha e busca incessante de porquês.
O programa produziu um mini documentário, filmado por Diógenes Muniz, para mostrar algo completamente desconhecido da população: o trabalho de Diógenes Martins Munhoz, capitão do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, que desenvolveu um curso de técnica de prevenção do suicídio para o Corpo de Bombeiros, também atendido por profissionais da área da saúde. Além da teoria, o curso oferece simulações práticas, criadas a partir de experiências dos próprios bombeiros. É uma nova forma de olhar a prevenção do suicídio, que ele chama de “abordagem humanizada”, contrapondo a uma antiga tradição de “distrair para pegar”.
Essa mudança de técnica no Corpo dos Bombeiros está relacionada a nova forma de olhar para essa questão. Seja com a empatia necessária para ouvir uma pessoa que demonstra sinais de estar em uma área de risco (algo também discutido no programa) como para oferecer conforto aos enlutados pelo suicídio. Ou mesmo para pressionar as instituições a falarem sobre o assunto, oferecerem capacitação aos médicos, e à população em geral. Como diz Neury Botega, “estamos em uma rede”.