Evento online e gratuito discute os vários tipos de luto
Com o Brasil batendo a triste marca de 550 mil mortos em decorrência da Covid-19, falar sobre o processo de luto se tornou fundamental, não só para aqueles que estão vivenciado diretamente a perda de um ente querido, mas para todas e todos nós, com as mudanças e lutos que a pandemia ocasionou.
Um levantamento do Google mostra que entre janeiro e julho de 2020 houve um aumento de 40% de perguntas ligadas à morte e luto no buscador, o que demonstra como é urgente falar sobre isso e que há muita gente querendo se informar.
Pensando em como abordar a temática, o inFINITO –movimento que promove conversas sinceras sobre viver e morrer– realiza de 26 a 30 de julho a 3ª Semana do Luto. De forma virtual e gratuita, o evento contará com especialistas de diversas áreas para refletir sobre os diferentes tipos de luto, apontando caminhos para lidar com o processo de forma cuidadosa e acolhedora.
“A proposta da Semana do Luto é colocar luz em todos estes lutos para que eles possam ser validados. Queremos através das conversas sinceras oferecer informação de qualidade para que as pessoas comecem a criar mais repertório intelectual e emocional para que possam atravessar os seus lutos de uma forma mais saudável e menos solitária possível”, aponta Tom Almeida, idealizador do Movimento inFINITO.
Luto e periferia
Para falar sobre o luto a partir das periferias, eu e a psicóloga Ester Maria Horta participamos nesta segunda (26) da abertura do evento, onde iremos refletir sobre como o luto nos territórios periféricos se encontra com o racismo estrutural e as desigualdades de nossa sociedade.
“A primeira morte por Covid-19 foi de uma empregada doméstica. O menino Miguel também foi morto por negligência da patroa. As pessoas com deficiência também são apagadas e a sociedade as empurra para um luto. Não foram sequer prioridade no início vacinação. Começou-se a vacinar idosos 90+ sendo que a expectativa de vida na periferia é, em média, de 60 anos ou menos, sendo a maioria das pessoas pretas. Ainda mais preocupante quando se olha para as pessoas trans que têm expectativa de vida de 35 anos”, aponta a psicóloga Ester.
Para Ester, especialista em neuropsicologia e integrante do conselho da Associação Aliança Pró Saúde da População Negra, é preciso pensar a periferia e a população negra para além de uma categoria, considerando todas as suas especificidades e humanidades, como classe social, identidade de gênero, orientação sexual, neurodiversidades e necessidades de mobilidade.
“Entendendo a periferia para além de corpos e números, mas como coletividades e agentes ativos na busca de acesso e garantia de direitos. Ao final, penso que acolher pessoas enlutadas e querer fazer algo a respeito está intimamente ligado a ter uma postura anticapitalista, anti-opressiva e também agir politicamente”, diz a psicóloga.
Veja a baixo a programação completa, que contará ainda com reflexões sobre luto na escola, com Anna Penido e Valéria Tinoco; o luto LGBTQIA+ com Carlos Tufvesson e Renan Sukevicius e o luto no autismo, com Joelma Avrela de Oliveira e Marcelo Roberto de Oliveira.
Programação
Segunda (26/07 – 19h) – Luto nas periferias com Jéssica Moreira e Ester de Paula
Terça (27/07 – 19h) – Luto na escola com Anna Penido e Valéria Tinoco
Quarta (28/07 – 19h) – Desempacotando os lutos com Mariana Ferrão
Quinta (29/07 – 19h) – O luto LGBTQIA+ com Carlos Tufvesson e Renan Sukevicius
Sexta (30/07 – 19h) – O luto no autismo com Joelma Avrela de Oliveira e Marcelo Roberto de Oliveira
Serviço
Data: de 26/7 a 30/7 às 19h
Inscrições pelo link: https://bit.ly/SemanadoLuto3
Os inscritos receberão os links das lives por e-mail
As lives serão transmitidas pelo Youtube
Evento gratuito